Desembolso deve chegar a R$ 12 bilhões este ano, com possibilidade de parcelamento em até 40 vezes e taxas de juros de menos de 2% ao mês
De olho em seus negócios, os micro, médio e pequenos empresários têm recorrido a uma fonte que ainda não secou em tempos de crise. O crédito concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio do cartão está sendo uma alternativa importante para empreendedores, com taxas de juros hoje de até 1,24% e limite de até R$ 1 milhão. Mesmo em um ano de queda de desembolso total do Banco — R$ 85 bilhões entre janeiro e agosto de 2015, redução de 25% frente ao mesmo período de 2014 — o investimento no produto aumenta.
Só no cartão BNDES, foram financiados R$ 7,8 bilhões até agosto, 10,6% a mais que no mesmo período de 2014. Até setembro, o desembolso no produto foi de R$ 8,7 bilhões. E a estimativa do Banco é que até o fim de 2015 os investimentos somem R$ 12 bilhões.
Segundo o gerente de produtos do cartão, Rodrigo Tomassini, o objetivo é estimular a criação de empregos: “Quando foi pensado, no fim da década de 90, esse era o foco. Quem mais gera emprego é a micro e média empresa. Por isso criamos um produto que investisse nessas empresas”.
Tomassini diz que o cartão alcançou 98% dos municípios do país. Para o executivo, a rede de 10 bancos credenciados facilitou o acesso.
Ele destacou ainda que é uma alternativa de crédito especialmente em momento de crise: “Em 2008, foram R$ 800 milhões em financiamento. Esse número saltou para R$ 2,4 bilhões em 2009, quando houve retração na economia”.
Usar o crédito é simples. Desde o padeiro que queira comprar farinha de trigo para fabricar seu pão, até quem tem uma empresa de construção civil pode ser financiado. Curso de idiomas também entra no catálogo.
O financiamento pode ser para qualquer setor, mas o empresário esbarra em algumas limitações: só podem ser comprados produtos com fabricação no país e de fornecedores cadastrados no site do cartão. Com o cartão na ‘manga’ há um ano, o empresário João Paulo Santos, 33 anos, vai usá-lo só agora para reformar sua padaria. “Vamos transformar parte do espaço em restaurante”, contou ele, sócio da Confeitaria Carolana, que funciona há 80 anos, no Centro. Ele vai usar o limite de crédito, de R$ 50 mil, na compra de máquinas e equipamentos, como fogão industrial e batedeira.
Diretor de projetos da Petroenge, Alex Souza diz que a empresa já emprega 450 trabalhadores. Rosa Queiroz usa o crédito para impressão de livros da editora Brasport: “Pago a gráfica com ele. As taxas são baixas e parcelo em até 40 vezes. Assim, economizo 50%”.
Dos setores atendidos pelo cartão, o de comércio representa 50,9%, seguido do de serviços (21,7%) e do primário (0,3%) .
SAIBA MAIS
O Cartão é fornecido aos microempreendedores individuais (MEIs) e às empresas de micro, pequeno e médio portes, de controle nacional, que tenham faturamento anual de até R$ 1,2 milhão; R$ 2,4 milhões e R$ 90 milhões, respectivamente.
As empresas têm que exercer atividade econômica compatível com as Políticas Operacionais e de Crédito do BNDES. O Banco não vai financiar fabricação de armas, por exemplo.
O limite de crédito é de até R$ 1 milhão para cada cliente, por banco emissor, mas a média registrada é de R$ 50 mil. O prazo de parcelamento é de 3 a 48 meses. As taxas são pré-fixadas. Atualmente, a taxa mensal varia entre 1 e 1,24%.
As instituições financeiras credenciadas são o Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Banco do Nordeste, Banrisul, SICOOB, SICREDI e BRDE.
Para ter o cartão, o empresário deve entrar no site www.cartaobndes.gov.br e clicar, no menu à esquerda, em ‘Solicite o cartão BNDES’. Ele deve preencher os campos como CNPJ e CNAE e escolher a emissão pelo banco onde ele já possui a conta de sua empresa.
Esse pedido deve ser feito junto ao gerente de sua conta. Ele também pode procurar outros bancos, mas terá que abrir outra conta com CNPJ.
Ele deve apresentar os seguintes documentos: Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União ou Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União, expedida pela Receita Federal e pela Procuradoria-Geral da Fazenda; certificado de Regularidade do FGTS; comprovação de regularidade de entrega da RAIS.
O BNDES não exige tempo mínimo de atividade, mas os bancos credenciados podem.
O catálogo de produtos inclui insumos, artigos têxteis, cursos de idiomas, eletrodomésticos, embalagens, informática, móveis e veículos, entre outros.